Após dois dias de conclave e cinco votações, a Igreja Católica escolheu o novo
Papa, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, nome que surpreendeu por não
estar entre os favoritos. Jesuíta, ele adotou o nome de Francisco I, em
referência ao santo de Assis. É o primeiro papa latino-americano e sua escolha
foi celebrada pela multidão na Praça de São Pedro no Vaticano e em especial na
sua terra, a Argentina. Ele se tornou arcebispo de Buenos Aires em 1998 e foi
nomeado cardeal em 2001, por João Paulo II.
Foi apresentado como um homem simples, que anda de ônibus e cozinha a própria
comida, e que tem apreço pelos pobres. Existe a expectativa de que, com ele, a
Igreja supere a atual crise evidenciada pela renúncia do Papa Bento XVI - evento
que não se repetia há seiscentos anos-, pelas denúncias sobre malfeitos no Banco
do Vaticano, confrontos entre grupos da hierarquia religiosa, perda em massa de
fiéis e o escândalo da pedofilia por certos padres e acobertamento por
superiores. A presidente Cristina Kirchner enviou mensagem de saudação ao papa
eleito, e o governo argentino deu como certa sua presença na missa de
inauguração do pontífice.
Houve quem se opusesse à escolha. Pesam contra o então cardeal, agora papa,
acusações de colaboração com a ditadura argentina que torturou e assassinou
milhares entre 1976 e 1983. Em geral, a cúpula da Igreja argentina apoiou o
golpe. O livro El Silencio, do premiado jornalista Horacio Verbitsky, do jornal
Pagina 12, denuncia que ele escondeu presos para a ditadura em uma residência de
praia durante visita à Argentina da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Afirma ainda que ele foi cúmplice na prisão – e cinco meses de tortura – de dois
sacerdotes jesuítas Francisco Jalics e Orlando Yorio. Biografia de Dom Bergoglio
publicada em 2010 alega que, ao contrário, foi a intervenção dele que teria
salvo a vida dos dois. Ele também foi apontado pela Associação das Mães da Praça
de Maio e chegou a ser convocado como testemunha pelo tribunal que julgou o
roubo sistemático de bebês pela ditadura (filhos de mulheres executadas pelo
regime), no processo movido por Estela de la Cuadra, uma das fundadoras do
movimento, em busca da sobrinha Ana. Fonte HP
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