O total das remessas para o exterior somou US$ 20,596
bilhões no primeiro trimestre, o que representa mais de 26% em relação ao
mesmo período do ano passado, quando foram enviados US$ 15,174 bilhões,
segundo números divulgados na quarta-feira (24) pelo Banco Central.
A principal razão para esse estúpido crescimento de envio
de recursos para o exterior, nos três primeiros meses do ano, foi o aumento
das remessas oficiais de lucros e dividendos das filiais das multinacionais,
que dobraram de US$ 3,474 bilhões no primeiro trimestre de 2012 para US$
6,974 bilhões.
O chefe do departamento econômico do BC, Tulio Maciel,
atribuiu a uma suposta retomada do crescimento da economia brasileira para o
aumento das remessas de lucros para o exterior. Como a economia continua
patinando, a explicação para o envio de fabulosos recursos para o exterior
encontra-se no contínuo processo de desnacionalização da economia, que bate
recorde a cada ano. Em 2012, nada menos que 296 empresas brasileiras
passaram para o controle estrangeiro, batendo as 208 empresas
desnacionalizadas em 2011 e as 175 no ano anterior.
Em suma: quanto maior a desnacionalização maior as
remessas de lucros. Tanto assim que o BC estima em US$ 95 bilhões o total de
remessas para este ano, ante US$ 76,492 enviadas no ano passado.
Esse processo de desnacionalização implica em aumento de
importações, principalmente de bens intermediários – componentes – para
montagem internamente do produto final. Ao apresentar os dados do setor
externo, Maciel ressaltou que não foram só as importações de combustíveis
que cresceram: “As compras de bens intermediários também mostram
crescimento”.
Assim, na comparação dos primeiros trimestres de 2012 e
2013, enquanto as importações cresceram de US$ 52,659 bilhões para US$
55,992 bilhões, as exportações diminuíram de US$ 55,080 bilhões para US$
50,837 bilhões. O que significa que nessa base de comparação a balança
comercial passou de um superávit de US$ 2,420 bilhões para um déficit de US$
5,156 bilhões.
Remessas em alta e diminuição do saldo da balança
comercial não poderia dar em outra coisa: aumento no rombo nas contas
externas. No período, as transações correntes (balança comercial, serviços e
renda e transferências unilaterais) fecharam o primeiro trimestre do ano
passado com déficit de US$ 12,061 bilhões e neste ano, com saldo negativo de
US$ 24,858 bilhões.
Não se pode fugir à constatação de que o baixo desempenho
da economia está estreitamente associado à crescente desnacionalização da
economia. As filiais das multinacionais seguem a lógica de mínimo
investimento para que sobre mais dinheiro para enviar para suas matrizes.
Portanto, a retomada do crescimento passa pelo aumento crescente do
investimento público. E o governo insiste nas desonerações, que tem servido
principalmente para abarrotar os cofres das multinacionais. E tome aumento
das remessas de lucros.
VALDO ALBUQUERQUE
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