Apopulação do
distrito de Shigal, na província de Kunar, saiu às ruas entoando palavras de
ordem contra as forças de ocupação comandadas pelo exército dos EUA, depois
que no domingo correu a notícia da morte de 11 crianças e uma mulher, após
ataque com mísseis que atingiu casas no povoado. Além disso, mais seis
mulheres ficaram feridas.
"As crianças tinham entre um e oito anos", diz o líder
local, Wasifullah Wasifi .
Os agressores justificaram o bombardeio com a desculpa
rotineira de que o bombardeio aéreo foi perpetrado com o objetivo de apoiar
uma operação militar terrestre contra os insurgentes do Talibã na região.
Os EUA invadiram o Afeganistão em 2001 com o pretexto de
restaurar a democracia, entretanto, as matanças, o descontrole no país e a
ingerência têm se mantido no Afeganistão com a conivência do governo de
Karzai, marionete empossada pelos invasores. Nos bombardeios, supostamente à
caça de guerrilheiros, os civis se converteram em alvos das forças
estrangeiras, que se justifica alegando que os mortos eram usados como
"escudos" humanos, ou não haviam detectado sua presença no local onde caíram
bombas.
Esses civis assassinados, muitos deles crianças, não são
uma questão acidental na invasão do Afeganistão iniciada pelo Pentágono na
chamada "Operação Liberdade Duradoura". Em 2011 morreram mais de 3.000
civis, e em 2012 os assassinados superaram mais de 2700. Neste mês, Nilab
Mobarez, porta-voz da missão da ONU para a Assistência no Afeganistão (UNAMA
por suas siglas em inglês), reconheceu que durante 2013 o número de mortos
causados pela invasão aumentou em relação ao primeiro trimestre do ano
anterior.
No mesmo dia, a explosão de um carro-bomba matou três
soldados norte-americanos e um funcionário da embaixada dos ocupantes do
Afeganistão. A emboscada dos guerrilheiros foi na província de Zabul.
Outros quatro funcionários do Departamento de Estado dos
Estados Unidos foram feridos na explosão. O governador provincial-fantoche a
serviço dos invasores, Mohammad Ashraf Nasery estava no comboio e escapou
por pouco.
Até o presidente preposto dos norte-americanos, Hamid
Karzai, sentiu-se acossado pela revolta popular diante das frequentes
chacinas perpetradas pelos invasores e teve que supostamente condenar seus
amos por instaurarem "a insegurança e instabilidade" no país.
Já o comando dos ocupantes tem se referido aos crimes
para manter a ocupação aterrorizando os afegãos denominando as mortes de
"dano colateral". No entanto, conforme observa o colunista do site
Antiwar.com, Jason Ditz, essas matanças acabam tendo um efeito oposto,
elevando o apoio aos guerrilheiros no seio da população afegã. O professor
Lawrence Davidson, de História do Oriente Médio, na Universidade de West
Chester, declarou que entre os norte-americanos a opinião predominante é que
"essa guerra que já se estende por 11 anos é impossível de vencer".
Em declaração reproduzida no site Rússia Today, o
ativista David Swanson condena a imprensa dos EUA pela falta de consciência
dos norte-americanos sobre a verdadeira face da guerra no Afeganistão. Para
Swanson, "é uma matança unilateral de pessoas indefesas".
SUSANA SANTOS
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