quarta-feira, 15 de maio de 2013



Lula: foi o meu sucesso que irritou a elite da mídia


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na segunda-feira (13), do debate de lançamento do livro "10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil – Lula e Dilma". No evento, realizado no Centro Cultural São Paulo, Lula lembrou dos êxitos dos seus dois mandatos e falou sobre as críticas que recebeu desde o início de seu governo. O debate foi coordenado pelo sociólogo Emir Sader.
"Eu tinha consciência que meu problema com parte da elite política desse país e da elite da imprensa brasileira era meu sucesso. Se eu fracassasse, eles falariam bem de mim: ‘coitadinho do operário. Coitadinho chegou lá, mas não tem culpa, não tava preparado, não fez nossa escola’", disse.
O ex-presidente destacou que o maior legado que deixou em sua presidência não foi nenhum dos programas sociais, mas sim ter mostrado que é possível "governar de forma republicana sem aqueles que me odiavam".
"O palácio, que até então era para reis e rainhas, banqueiros e grandes empresários, continuou sendo. Mas com uma diferença: é que lá entravam também os índios, os hansenianos, os moradores de rua, os favelados, fazendo com que, pela primeira vez, aquela fosse uma casa de todos e não apenas de uma parcela da população brasileira", ressaltou.
O economista e atual presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, lembrou de mudanças estruturais pelas quais o Brasil passou. Ele ressaltou o que chamou de "coragem e ousadia" do partido para inverter prioridades e "começar distribuindo", em vez de "primeiro crescer para depois distribuir".
A professora Marilena Chauí falou da "revolução social" por que passou o Brasil, mas refutou a existência de uma "nova classe média" no país. Ela sublinhou que o que houve foi a expansão da classe trabalhadora, que "conquistou seus direitos".
"Não há no Brasil uma nova classe média. Existe no Brasil uma nova classe trabalhadora, que é resultado das políticas econômicas contra o neoliberalismo. Essa nova classe trabalhadora é complexa e precisa ser estudada. Ela é o sujeito político da próxima década. A classe não mudou de lugar: ela apenas conquistou seus direitos", frisou. A professora afirmou que jamais poderia ser utilizado o termo "nova classe média" para definir a nova classe trabalhadora porque classe média é "arrogante, conservadora, um atraso de vida". Lula falou logo depois de Marilena e brincou: "Depois de tantos anos de luta que eu cheguei a ser considerado classe média essa mulher avacalha a classe média".

O livro, lançado pela editora Boitempo, é uma coletânea de artigos organizada por Emir Sader, além de trazer uma entrevista inédita com o ex-presidente Lula.

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