quinta-feira, 30 de junho de 2011

Vilão do preço extorsivo dos carros é o lucro das múltis, não o ‘Custo Brasil’

“Lucro Brasil faz o consumidor pagar o carro mais caro do mundo”, afirma o jornalista Joel Silveira Leite, no blog Mundo em Movimento. Ao contrário das justificativas das montadoras, todas multinacionais, para os altos preços dos automóveis vendidos no Brasil – alta carga tributária, custo do capital, alto valor da mão de obra e baixa escala de produção, chamados de Custo Brasil – ele aponta que “o grande vilão dos preços é, sim, o Lucro Brasil. Em nenhum país do mundo onde a indústria automobilística tem um peso importante no PIB, o carro custa tão caro para o consumidor”.
Conforme Leite, “as montadoras têm uma margem de lucro muito maior no Brasil do que em outros países. Uma pesquisa feita pelo banco de investimento Morgan Stanley, da Inglaterra, mostrou que algumas montadoras instaladas no Brasil são responsáveis por boa parte do lucro mundial das suas matrizes”.
Interessante o esclarecimento dado pelo presidente da PSA Peugeot Citroën, Carlos Gomes: “os preços dos carros no Brasil são determinados pela Fiat e pela Volkswagen. As demais montadoras seguem o patamar traçado pelas líderes, donas dos maiores volumes de venda e referência do mercado”.
Um executivo da Mercedes-Benz ouvido em off por Leite frisou que “o preço não tem nada a ver com o custo do produto. Quem define o preço é o mercado, para explicar porque o brasileiro paga R$ 265.00,00 por uma ML 350, que nos Estados Unidos custa o equivalente a R$ 75 mil”.
Em 1978, havia um mercado interno de 1 milhão de unidades. Com esse volume de produção as montadoras diziam que não era possível produzir um carro barato no país e que era preciso aumentar a escala de produção. No ano passado, o Brasil foi o quinto maior produtor de veículos do mundo e como o quarto maior mercado consumidor: 3,5 milhões de unidades vendidas no mercado interno e uma produção de 3,638 milhões de unidades. “Três milhões e meio de carros não seria um volume suficiente para baratear o produto? Quanto será preciso produzir para que o consumidor brasileiro possa comprar um carro com preço equivalente ao dos demais países?”, questiona Leite.
Mais eis que o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, estabeleceu um novo patamar para que haja redução do preço final: 5 milhões de carros.
Segundo o jornalista “o imposto, o eterno vilão, caiu nos últimos anos. Em 1997, o carro 1.0 pagava 26,2% de impostos, o carro com motor até 100cv recolhia 34,8% (gasolina) e 32,5% (álcool). Para motores mais potentes o imposto era de 36,9% para gasolina e 34,8% a álcool. Hoje – com os critérios alterados – o carro 1.0 recolhe 27,1%, a faixa de 1.0 a 2.0 paga 30,4% para motor a gasolina e 29,2% para motor a álcool. E na faixa superior, acima de 2.0, o imposto é de 36,4% para carro a gasolina e 33,8% a álcool”.
“Enquanto a carga tributária total do país, conforme o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, cresceu de 30,03% no ano 2000 para 35,04% em 2010, o imposto sobre veículo não acompanhou esse aumento. Isso sem contar as ações do governo, que baixaram o IPI (retirou, no caso dos carros 1.0) durante a crise econômica. A política de incentivos durou de dezembro de 2008 a abril de 2010, reduzindo o preço do carro em mais de 5% sem que esse benefício fosse totalmente repassado para o consumidor”, acrescenta.
Resumo da ópera: “As fábricas reduzem os custos com o aumento da produção, espremem os fornecedores, que reclamam das margens limitadas, o governo reduz impostos, como fez durante a crise, as vendas explodem e o Brasil se torna o quarto maior mercado consumidor e o sexto maior produtor. E o Lucro Brasil permanece inalterado, obrigando o consumidor a comprar o carro mais caro do mundo”
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